O inimigo do homem

Certo dia, um menino que gostava de escrever
Foi chamado pra servir em uma guerra
Sua função era contar baixas e feridos
E passar pro comando central;
Angustiado pela rotina triste e escura
O menino passou a compor e recitar poesias
Aos doentes e funcionários
Dos campos e das enfermarias;
O menino era ainda bem jovem
Mas superou o medo da batalha
E aos poucos foi tirando a tensão
Trazida por arma e navalha;
O soldado ouvia caladamente o sussurro
Da boca de um menino agoniado
E preocupado pelo sentido da luta
Que contrapunha irmãos da Criação
Separados por brigas do Estado;
O jovem pensava em fugir
Mas deixaria de cumprir seu dever
E de alegrar seus irmãos de guerra;
Se ficasse, não veria sua família
Seus pais e seu país:
Enfrentava o garoto um paradóxo;
O pequeno-grande homem resolveu ficar;
Notou que pro homem o inimigo é a guerra;
Pensou um pouco mais e refez suas ideias
Concluindo que o homem é inimigo do homem
E que não há harmonia e nem irmandade;